Segundo estudo da Capgemini, é preciso que as instituições ofereçam mais casos de uso e soluções para que o consumidor se aproxime do Open Finance
O Open Finance ainda enfrenta a barreiras de conhecimento por parte do cliente final, que é peça-chave para que o ecossistema avance no Brasil. Segundo o Índice de Maturidade do Open Finance 2024, produzido pela consultoria de tecnologia Capgemini, o conhecimento do termo “Open Finance” praticamente não se alterou, de 2023 para 2024, permanecendo estável em 64%, com pouca disseminação entre as pessoas.
A conclusão do estudo é de que o Open Finance ainda não “caiu no gosto popular”, já que a comunicação entre pessoas conhecidas não supera 10%. É a segunda edição da pesquisa, que busca mapear a situação do ecossistema de compartilhamento de dados.
Na visão de Jamile Leão, líder de serviços financeiros da Capgemini, é preciso que as instituições ofereçam mais casos de uso e soluções para que o consumidor se aproxime do Open Finance. “Não adianta explicar a parte técnica ou conceitual do Open Finance. O cliente quer o produto para usar, ver valor e vantagens. É a partir disso que o assunto surge na roda de amigos. E as empresas estão cada vez mais cientes disso”, afirma a especialista, responsável pelo estudo, que contou com 286 empresas entrevistadas.
Segundo a pesquisa, antecipada ao InfoMoney, os principais motivos para adesão ainda ser baixa são: falta de conhecimento do ecossistema, pouca percepção de ganhos ao utilizá-lo e falta de confiança em relação à segurança de dados.
Leão entende que houve um desalinhamento de expectativas entre indústria e cliente. “Em algum momento, as empresas ‘queimaram suas cartas’ quando pediram o consentimento e não apresentaram cases ao consumidor. Agora o que vemos é desconfiança e mais dificuldade de o cliente compartilhar dados”, avalia.
O relatório mostra uma queda na confiança do cliente de 5,34 em 2023 para 4,70 em 2024, em uma escala de 0 a 10. “Um dos principais motivos para a retração do índice em 2024 foi a queda na confiança nas instituições financeiras”, diz um trecho do estudo sobre o resultado. Foram entrevistados 918 consumidores (52% mulheres), entre 18 e 50 anos ou mais, de todas as regiões do país e de todas as classes sociais.
egundo o levantamento, o percentual de consumidores que confiam ou confiam muito que os bancos tradicionais manterão seus dados seguros caiu de 74% em 2023 para 63% em 2024. Além disso, apenas 48% estão dispostos a compartilhar dados com empresas, uma queda em relação aos 57% de 2023. “Esse declínio na confiança é preocupante, pois
pode dificultar a adoção de novos serviços financeiros digitais. As empresas estão perdendo esse cliente, que vem confiando menos no setor”, ressalta Leão.
O declínio da confiança pode ter relação com a percepção de segurança, mas em entrevista recente ao InfoMoney, a governança do Open Finance no Brasil ressaltou que o ecossistema foi construído de forma muito segura e não apresentou nenhum tipo de falha ou vazamento até agora.