Especialistas comentam se é lucrativo investir na criptomoeda e se a mineração dela ainda vale a pena.
Embora o bitcoin não seja um ativo tão novo no mercado, é comum que investidores deixem de comprar a criptomoeda por medo das oscilações ou por desconhecerem seu funcionamento. Conforme apontam especialistas, é possível obter consideráveis retornos com o ativo, mas, como também é de conhecimento de investidores de renda variável, a chance de perder dinheiro é inversamente proporcional.
Então, surgem as hesitações dos interessados em investir na criptomoeda: qualquer um consegue entender o que é e como funciona o bitcoin? É fácil ou difícil investir nele? Vale ou não a pena aplicar nesse tipo de ativo? Isso pode até parecer complexo demais, mas não se preocupe. Aqui estão as respostas para essas e todas as suas outras dúvidas sobre o criptoativo.
Continue a leitura e esclareça cada detalhe sobre o assunto, aprenda a começar a investir no ativo e fuja das ameaças de perda de valor que ele apresenta.
O que é bitcoin?
O bitcoin é uma moeda formada a partir de um código inteiramente digital, o que quer dizer que não há uma versão física, mesmo sendo um ativo real. A criptomoeda foi criada dentro de uma tecnologia chamada blockchain, que utiliza a criptografia. Hoje, ela possui o maior valor de mercado entre os criptoativos.
A intenção inicial era que o bitcoin fosse utilizado como moeda de troca, para compra de produtos ou serviços em estabelecimentos que o aceitem como método de pagamento. Seu uso, neste sentido, ainda não se popularizou. Enquanto isso, ele é visto como alternativa de investimento.
A história dessa criptomoeda, que foi a primeira do mundo, é cheia de mistérios. A única informação divulgada durante o lançamento do ativo, entre 2008 e 2009, foi de que seu criador seria um programador – ou um grupo de programadores –, que se identificava pelo pseudônimo de Satoshi Nakamoto.
Nakamoto teria contribuído com a rede blockchain até 2009, deixando-a forte e descentralizada, e depois desapareceu sem deixar rastros. A criptomoeda chegou a ser comparada a uma espécie de ouro digital, por três características: valor, escassez e por ser considerado um ativo seguro e inviolável dentro da rede.
Como funciona o bitcoin?
O bitcoin é uma moeda descentralizada. Isto quer dizer que não há intermediação de bancos ou governos sobre o ativo digital. Portanto, não é regulamentado e tudo acontece pela internet.
Depois que a moeda é “criada” – processo que se chama mineração de bitcoin –, ela passa por uma fase de verificação e, posteriormente, as informações são enviadas à blockchain – que é um banco de dados para registros de todas as atuais e futuras transações do ativo.
Feito isto, os bitcoins – completos ou por frações, chamados de Satoshi – ficam disponíveis para compra dos interessados via plataformas específicas.
Mineração de bitcoin
A mineração de bitcoin é o processo de “criação” da moeda. Ela acontece com a resolução de complexos problemas matemáticos, por meio de computadores com processadores extremamente potentes – que são de suma importância, pois as máquinas não podem parar de funcionar nem por um segundo.
Isso porque existe uma “corrida” para ver quem descobre qual é solução do problema numérico primeiro, pois há diversos mineradores tentando resolver a questão ao mesmo tempo devido à recompensa oferecida ao “ganhador”. E o que é essa recompensa? Para quem “vencer a corrida”, o prêmio será de 6,25 bitcoins, que, na cotação do dia 1º de dezembro de 2021, equivaliam a R$ 2.010.861,37.
Mas não para por aí. Os mineradores também ganham com taxas de transação da rede. Isto quer dizer que a cada compra e venda de bitcoins no mercado, os criadores da criptomoeda ganham uma porcentagem pela movimentação que é feita pelos investidores. Portanto, esse é um retorno constante e eterno.
Além disso, a lógica do bitcoin foi desenvolvida para trabalhar com uma quantidade limitada de moedas. Isto quer dizer que só poderão ser produzidas 21 milhões delas, e hoje já existem 18,8 milhões. Estima-se que por volta de 2140, todas as unidades da moeda já estejam em circulação.
Vale a pena minerar bitcoin?
Minerar bitcoin depende de diversos fatores. O primeiro deles é ter computadores com elevada velocidade de processamento, para não perder a corrida da solução matemática, juntamente da recompensa.
Depois, é preciso ter acesso a energia barata, porque, caso contrário, manter os aparelhos ligados o dia todo poderá sair mais caro do que o valor a ser recebido.
Por último, para que esses aparelhos não parem de funcionar devido ao superaquecimento, também é preciso mantê-los em um ambiente frio. Desse modo, os mineradores podem usar a estratégia de irem para um país de temperaturas mais baixas ou apenas usar aparelhos de resfriamento no local de produção – no entanto, os custos de energia ficariam mais altos.
Quer saber em detalhes qual é o gasto energético para minerar bitcoin? Assista ao InvestNews Explica.
Para Helena Margarido, especialista em criptomoedas da Monett, “a mineração de bitcoin é praticamente um processo industrial… não é nada fácil e nada trivial quanto parece”. Desse modo, ela explica que “comprar uma máquina para minerar em casa… faz muito tempo que perdeu o sentido”. Para a especialista, minerar só vale a pena quando o interessado tem um negócio de mineração.
Na mesma linha, Tasso Lago, especialista em criptomoedas, aponta que para o minerador de pequeno negócio não vale a pena, ainda mais pensando no custo que ele teria no Brasil. Para o especialista, só seria interessante para o minerador de larga escala, porque nesse caso as operações têm chances de serem bastante rentáveis.
É possível ganhar dinheiro com bitcoin?
Para Margarido, o bitcoin é com toda certeza um investimento lucrativo no longo prazo. “Se você comprar um bitcoin agora e guardar na carteira por 4 anos, eu duvido que você vai se arrepender”, comenta a especialista.
Ela ainda acrescenta que “o grande problema é encarar a volatilidade… se tiver sangue frio para aguentar essas movimentações todas, no longo prazo é um negócio que tende a valorizar”. Além disso, para a especialista, o melhor momento para comprar o bitcoin é “sempre hoje”.
Tasso pontua que o mercado de bitcoin foi o que mais valorizou na última década. Portanto, assim como dito por Helena, para ele, o investidor pode ter bastante retorno de investimento no longo prazo.
O especialista ainda complementa que, no curto prazo, vê uma tendência de alta. “Quando a gente olha alguns dados… vemos bastante gente comprando bitcoin e guardando, isso gera mais escassez”, conta.
Para Lago, o melhor momento para comprar o ativo também é agora, período de onda de baixa do preço. Além do mais, o especialista lembra da recorrente depreciação do real frente ao dólar, e, à vista disso, para ele, se torna mais interessante fazer investimentos na moeda estrangeira.
O que afeta o preço do bitcoin?
Margarido lembra que o mercado de criptomoedas é muito novo. E, como todo mercado novo, ele fica mais sujeito à volatilidade que os mercados tradicionais. Um exemplo disso foi o anúncio da nova variante do coronavírus em novembro de 2021, a ômicron, que fez com que a moeda despencasse rapidamente. “O bitcoin despencou a preço de custo, ao passo que outras ações, por exemplo, podem ter sido apenas subprecificadas”, conta.
Além disso, para a especialista, 90% da volatilidade da criptomoeda é justificada pelo desconhecimento das pessoas sobre o mercado. “Tem muita gente que não faz ideia do que está comprando e o que aquilo representa… no mínimo sinal de dúvida, as pessoas saem correndo e vendendo a qualquer preço”, conclui.
Nesta mesma concepção, Tasso conta que, como outros ativos, o preço do bitcoin é determinado pela oferta e demanda. Do ponto de vista de Lago, a volatilidade está atrelada à incerteza do mercado em relação à criptomoeda. “O bitcoin é um ativo de tecnologia, que muda o sistema financeiro global. Então, qual é o risco de um ativo que muda o sistema financeiro global? Enorme,” pontua.